segunda-feira, 30 de abril de 2007

Provocação


Se é chamado de criança
A fim de lhe desmerecer.
Diga,pois,que é um velho
Com um corpo a amadurecer.

domingo, 29 de abril de 2007

Ser humano complexo...


Pura Redundância!

sábado, 28 de abril de 2007

Diálogo com o Tempo



Chove nesse vilarejo e junto com a água também cai e escorrem meus prantos, minhas dores. A chuva não está cumprindo seu papel principal de lavar tudo por onde passa. A chuva está sendo perversa, está causando alagamentos em meu corpo, minha mente. Não entendo por que ages assim magnífica chuva! Minha alma continua impura por tua culpa. “Alma sebosa”. Alma de sofrimento, de quem clama por um carinho amiúde. Alma de quem está profundissimamente desconfortado com o chão que pisa.
Devaneios, poesias, mulheres, nada disso poderia me saciar. Apenas a tua água. Essa água límpida que se tornou turva, instantaneamente. Sinto os pingos no meu semblante, mas são pingos frios, são como beijos de quem não se ama dados falsamente com desprezo. Vejo a água escorrendo pelos meus pés, observo nuvens com formas pictorescas. Nada disso me alimenta. Isso são maquiagens usadas por tu que me evitas ao máximo. Diga-me chuva por que corres assim de mim? Não quis te evitar ao me esconder sob aquele alpendre! Foi um impulso errôneo, peço-te perdão! Clamo-te, molha-me! Escorre tua água pelo meu corpo, se infiltra nos meus poros, nutrifica minha áurea; porém não vá, rogo-te, não vá.
Calma santa chuva, não esbraveje com seus trovões! Esses são os seus argumentos? Os meus são maiores, tenho amor e isso é o mínimo que posso dar-te. Meu amor é falho? Pode até ser, mas tento a perfeição, sempre. Meu amor te faz sofrer? Não quero entrar nessa questão, isso é complexo.
Chuva! Chuva! Chuva! Está se esvaindo não é?! Percebo. Noto tuas nuvens deslizando vagarosamente pelo horizonte. Estou sentindo você mais longe. Sinto o mundo se partindo.
Não há mesmo diálogo entre nós? Queria-te apenas para confortar minha alma, queria a paz sublime.


Fez-se o Sol.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Canto e Morte

De tanto cantar
Cansei de ser eu,
De tanto matar
Minha vida morreu.

Matei imagens,
Solenes e escarnosas
E todas as paisagens,
Psicodélicas raivosas.

Risos de paralelepípedo
Caçoam do meu canto.

Devassas santificadas
Vivem do meu pranto.

domingo, 22 de abril de 2007

Voz

A espera incessante
De um mísero suspiro
Faço de minh'alma cansante
Repouso do meu retiro.

Vozes mudas e caladas
Entoam e não são ditas,
Apenas suposições nefastas
Da demasia que evitas.

Evitas de forma mansa
Resguardando tuas palavras,
Como Thor tu balanças

E atormenta minhas mágoas,
Visto que não se cansas
Narcotizo lascivas escravas.

sábado, 21 de abril de 2007

Benévolo desprezo



Em tempos de desprezo, falar de e sobre o amor é extremamente fácil, pois sabe-se que a situação nos usa e por tabela induz à tristeza, e não há nada mais sublime que garatujar triste...melancólico. A tristeza se confunde com amor, aliás o amor é confundível em demasiadas situações. Mas ele, o amor, não faz isso por livre e espontânea vontade. Seria atrevido ao ponto de dizer que o amor é uma vítima social.Vítima da vontade alheia, vítima da audácia humana.
Usando um pouco da lógica aristotélica vou provar como o amor é usado sem-mais-nem-menos: O amor é uma coisa boa e uma coisa boa não provoca sofrimento, logo, o amor não provoca sofrimento. Estaria sendo hipócrita em tentar imbuir essa conclusão como verdade. Entretanto, a partir dela posso extrair duas hipóteses. Primeiro Aristóteles era um acéfalo (com todo o respeito) em postular que sua lógica era universal, ou segundo, o amor é usado de forma insólita para causar o sofrer. Fico com as duas hipóteses e as torno uma teoria,ou seja, o amor é instrumento do sofrer e ponto. Não estou afirmando que essa é a principal função do amor...mas, poderia ser. Parafraseando o poeta lembro que: A felicidade é efêmera, a tristeza eterna.
Então é pertinente concluir que o desprezo, citado no início, também é uma forma de expressar o amor ao próximo? O desprezo é uma forma carinhosa entre amantes?Ai,ai! Penso que quando Oswald de Andrade escreveu: AMOR/humor ele almejava mesmo era, AMOR/dor, mas para romper com o melodramismo simbólico e parnasiano resolveu radicalizar.
E viva o amor, viva o sofrer, viva o desprezo....

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Momento


Entrelaçam-se
Vidas
Pernas
Beijos,
Ardentes
Súplicas
de
Perdão.
Um sim,
Não,
Talvez...
Orgasmos
Prazer
Mansidão.

terça-feira, 17 de abril de 2007

A VIDA É UM PÊNDULO ENTRE O TÉDIO E O SOFRIMENTO

"Hoje está mal, e doravante, o amanhã
será pior, até sobreviver o mal definitivo."
A.Schopenhauer

Estive refletindo um pouco sobre o tormento que é a vida. Já tinha dito (não no blog) que a vida é besta e chego a conclusão que ela é besta sim. Porém essa é besta em determinadas situaçõs nas quais já me encontrei em diversos momentos. Adorando o ócio. Adorando a inércia.
A mente precisa de movimento, precisa de sofrimento... precisa de dor. O ser humano necessita, por pura inerência, se desgastar. Precisa se desacreditar vez em quando. Precisa sofrer como uma galinha na mira de uma rapousa embriagada de quando em vez.
Filosoficamente quando se trata de assuntos de vontade, sofrimento e tédio Schopenhauer é o melhor almanaque.Por exemplo em PAREGA E PARALIPONEMA têm-se duas passagen espetaculares, abaixo está a primeira:
"Se o sentido mais próximo e imediato de nossa vida não é o sofrimento, nossa existência é o maior contra-senso do mundo. Pois constitui um absurdo supor que a dor é infinita, originária da necessidade essencial à vida, de que o mundo está pleno, é sem sentido e puramente acidental. Nossa receptividade para a dor é quase infinita, aquela para o prazer possui limites estreitos. Embora toda infelicidade individual apareça com exceção, a infelicidade em geral constitui a regra."
Certa vez admiti que a vida é fácil. Gostaria de pedir desculpas publicamente e também retificar essa minha infeliz colocação. Afinal, erros são corrigíveis e perdoáveis, desde que se saiba admitir o "dito cujo". A VIDA É FÁCIL, VIVER É QUE É DIFÍCIL. É impossível viver tranquilamente, serenamente. O homem sente ânsias, possui vontades. Que animal (racional ou irracional) não busca uma caça, uma preocupação, penitência, rejeição e tentação.
Abaixo está a segunda passagem Schopenhaueriana prometida:
"Trabalho, aflição, esforço e necessidade constituem durante toda a vida a sorte da maioria das pessoas. Porém se todos os desejos, apenas originados, já estivessem resolvidos, o que preencheria então a vida humana, com que se gastaria o tempo?Que se transfira o homem a um país utópico, em que tudo crecesse sem ser plantado, as pombas revoassem já assadas, e cada um encontrasse logo e sem dificuldade sua bem-amada. Ali em parte os homens morrerão de tédio ou se enforcarão, em parte promoverão guerrras, massacres e assassinatos, para assim se proporcionar mais sofrimento do que o posto pela natureza. Portanto para tal espécie, como a humana, nenhum outro palco se presta, nenhuma outra existência."

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Alívio Sujo

A poesia se tornou suja
Quando tua voz transformou-se
Suspiro morto no meu ouvido
A poesia se tornou suja
Quando notei que tua paz
Quebrou-se,levemente, feito vidro
A poesia se tornou suja
No momento que toda essa adversidade
Mostrou-me que tinha,majestosamente,te perdido
Tal sujeira ariada se tornou
Quando notei que tú, ingrata,
Deveras tinha morrido.

domingo, 15 de abril de 2007

Inúteis explicações!

pois é pessoas ou pessoa ou ninguém.Aliás,pois é julio esse é o seu novo blog.Novo não!Esse é o seu blog.Novo blog me deixa entender que já tive vários.Enfim.
Então!Resolvi fazer um blog para postar as babaquices que escrevo.As leseiras.As idiotices."Tudo" que passarei a escrever agora compartilharei com o povo."Esse tal de povo".
Com relção ao título não se assustem,não tive escolha.Sempre,ou melhor, a uns dias venho achando que o nada é o melhor segredo a ser revelado.Seu lado obscuro,seu lado expositivo.E pensei nesse título não sei ao certo o porquê.
A primeira publicação foi um cordel que fiz um pouco invejando e um pouco inspirado.É uma curta biografia.Falta algumas coisas,mas vale.
Então pessoal como versei no cordel."Vai começar o estardalhaço".

Vida em verso de um cantador "inxirido"

Não sou poeta de nada
Nem sei escrever meu nome
Mas rimo feito menino
Chamando pro’mode a fome
Ma chamo cabôco Julio
Onofre é meu sobrenome


Agora q’eu me apresentei
Vai começar o estardalhaço
Não sou poeta provocador
Conheço o nó do meu laço
Num gosto de muita “friscura”
Nem que me façam de palhaço


Nasci no Juazeiro do Norte
Terra do Padim Ciço Romão
Oitenta e oito foi o ano
Inverno a estação
Hospital foi o São Lucas
Padre Onofre o capelão



Tive uma infância sofrida
Mas nunca me faltou nada
Meu pai que bebia muito
Dava uma preocupação danada
Minha mãe sempre trabaiadeira
Construiu a minha estrada


Digo não só a minha
Mas dos meus três irmãos
Hagatângelo, Marisângela e Mikaeli
Todos criados na união
Hoje tão bem encaminhados
Não pedem a mãe um tostão


Vou tentar falar de cada um
De forma pura e singela
Dizendo como esses três
Vivem essa vida bela
Caso fale alguma besteira
Desculpe-me e não dê trela



Começarei por Marisângela
Essa minha irmã querida
Centrada e sabe o que quer
Administra bem sua vida
Fala feito um badalo
Aconselho não bula nas suas feridas


Agora vai Hagatângelo
Cujo juízo é reduzido
Pai pela terceira vez
Dois filhos já estão nascidos
Luís e Pedro o nome deles
Sem tais me sinto perdido


Por último vem Mikaeli
Essa pluma de brincadeira
Sem ela eu passo fome
E as cuecas vão pra lixeira
Deus lhe dê muito juízo
Pra seguir a vida inteira



Aos treze anos de idade
Sai de dentro de casa
Vim morar em Maceió
Pra estudar a tabuada
Morei mais meu Tio Raimundo
Esse me mostrou as escadas


Optei pelo colégio agrícola
Nesse aprendi do mundo
Latinha de tudo um pouco
Desde santo a vagabundo
Mas conquistei dois amigos
Que a ajudaram a traçar meu rumo


Rumo esse traçado errado
No que tange a profissão
Fiz vestibular prum monte de coisas
E vi depois que num me servia não
Mas foi por causa desse erro
Que o amor bateu no coração



Isolda é o nome dela
Menina-mulher fenomenal
A conheci em Campina Grande
Quando fazia industrial
As coisas foram acontecendo
Da forma mais natural


Por causa de um gole d’água
Aconteceu nosso primeiro beijo
Estávamos à flor da pele
Cheio de tesão e desejo
Isso já faz quase dois anos
E nunca mais eu a deixo


Nosso amor é essencial
Tanto pra um como pro outro
Sou para com esse enlace
Um homem muito respeitoso
Preso que esse amor fique sempre
Saudável e prazeroso


Agora mais crescidinho
Decidi o que quero ser
Médico será a profissão
Prolongar a vida é meu dever
Estudar com fé e afinco
Tudo que for pra saber


O cordel vai se acabando
Mas a vida continua
Ainda falta muita estrada
Pra que a missão se conclua
Obrigado Pai e Mãe por tudo
Passo a tramela e vou pra rua.


5 de abril do ano de 2007