"Hoje está mal, e doravante, o amanhã
será pior, até sobreviver o mal definitivo."
A.Schopenhauer
Estive refletindo um pouco sobre o tormento que é a vida. Já tinha dito (não no blog) que a vida é besta e chego a conclusão que ela é besta sim. Porém essa é besta em determinadas situaçõs nas quais já me encontrei em diversos momentos. Adorando o ócio. Adorando a inércia.
A mente precisa de movimento, precisa de sofrimento... precisa de dor. O ser humano necessita, por pura inerência, se desgastar. Precisa se desacreditar vez em quando. Precisa sofrer como uma galinha na mira de uma rapousa embriagada de quando em vez.
Filosoficamente quando se trata de assuntos de vontade, sofrimento e tédio Schopenhauer é o melhor almanaque.Por exemplo em PAREGA E PARALIPONEMA têm-se duas passagen espetaculares, abaixo está a primeira:
"Se o sentido mais próximo e imediato de nossa vida não é o sofrimento, nossa existência é o maior contra-senso do mundo. Pois constitui um absurdo supor que a dor é infinita, originária da necessidade essencial à vida, de que o mundo está pleno, é sem sentido e puramente acidental. Nossa receptividade para a dor é quase infinita, aquela para o prazer possui limites estreitos. Embora toda infelicidade individual apareça com exceção, a infelicidade em geral constitui a regra."
Certa vez admiti que a vida é fácil. Gostaria de pedir desculpas publicamente e também retificar essa minha infeliz colocação. Afinal, erros são corrigíveis e perdoáveis, desde que se saiba admitir o "dito cujo". A VIDA É FÁCIL, VIVER É QUE É DIFÍCIL. É impossível viver tranquilamente, serenamente. O homem sente ânsias, possui vontades. Que animal (racional ou irracional) não busca uma caça, uma preocupação, penitência, rejeição e tentação.
Abaixo está a segunda passagem Schopenhaueriana prometida:
"Trabalho, aflição, esforço e necessidade constituem durante toda a vida a sorte da maioria das pessoas. Porém se todos os desejos, apenas originados, já estivessem resolvidos, o que preencheria então a vida humana, com que se gastaria o tempo?Que se transfira o homem a um país utópico, em que tudo crecesse sem ser plantado, as pombas revoassem já assadas, e cada um encontrasse logo e sem dificuldade sua bem-amada. Ali em parte os homens morrerão de tédio ou se enforcarão, em parte promoverão guerrras, massacres e assassinatos, para assim se proporcionar mais sofrimento do que o posto pela natureza. Portanto para tal espécie, como a humana, nenhum outro palco se presta, nenhuma outra existência."